quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Mais de um ano morando fora do meu país, exatamente um ano e sete meses e você começa a perceber certas mudanças de conceitos, começa a priorizar certos valores e esquecer outros que antes você dava tanta importância. Por exemplo, um novo conceito de família é formado; Não se precisa estar perto para morar no nosso coração. As vezes as pessoas que pareciam importantes pra você não são tao importantes assim, gratidão sim eu tenho, mas o passado se foi, no presente, no agora, elas simplesmente se esqueceram de você, você virou exemplo de significado no passado, como um verbo conjugado num pretérito que passou, que foi embora,  ficou distante. No exílio é que você se dá conta que, por mais que você busque a elas, elas nunca te buscarão, e se buscarem, não sera por nenhum sacrifício, mas sim, por beneficio próprio, mas tirarem algum proveito, não porque se tem saudades, ou porque você fazia parte da família, e sim, porque você faz parte de um mundo novo, de um algo diferente. Porque mesmo você jamais sendo o presente vivo delas, você se tornou uma perspectiva de um futuro bom, de uma peculiaridade. Muitas pessoas vivem  hoje visando o amanhã, economizam, compram algo novo pra usufruir, preparam uma dieta para ficarem mais bonitas, e buscam o que esta mais próximo e mais fácil. No exílio você percebe que nada disso tem importância, o que importa é que realmente alguém se importe com você, que ligue pra você, que não fique dando mil desculpas, por não saber te ligar. E você, ainda preso num passado com aquelas pessoas, espera delas algum tipo de sacrifício, que você tenha de fato importância na vida delas, mas de fato, você não tem. Porque elas ja não precisam mais de você. Você está distante de tudo e de todos, elas aprenderam viver sem você. Você ficou para trás, é como se você tivesse morrido de maneira mais sutil, que ninguém precisasse ter ido ao seu velório e chorado diante da sua partida. Sim, eles choraram, foi duro quando você foi embora, afinal, por mais que você fosse muitas vezes uma tempestade em forma humana, você era parte deles, e agora que você não faz mais parte deles, você percebe que de maneira ainda suave, eles te fazem perceber que é melhor assim, sabem que você esta bem, e se não sabem, não fazem questão nenhuma de saber. E você perde seu tempo se comparando ou tentando agradar eles. Separa-se de quem realmente  esta presente, se importa com a opinião deles, e enquanto eles triunfam você agoniza, por se importar, e por achar que eles também se importam. A questão e que você acorda, e percebe quem esta verdadeiramente ao seu lado e quem quer estar ao seu lado. Aí você já não tem aquela enorme obrigação de ligar pra eles, de visitá-los, de ao menos saber notícias deles, até os que foram mais amados e queridos, eles já não serão mais parte do seu presente, é como uma morte sutil, que você, ao acordar, não precisara carregar o peso de ir ao seus velórios, nem chorar sua partida. Aí, qualquer sacrifício por eles passa a ser em vão, porque eles já não fazem mais parte de sua vida, e sim, de um suave e saudoso passado, que não volta mais. Se ao menos te ligassem, você já viu essa história acontecer na vida de alguém muito próximos, você jamais seria capaz de imaginar isso acontecendo com você, mas está aí, os fatos comprovam que você não passa de algo distante; ninguém mais se emociona com seus feitos, e você já não espera que ninguém se sacrifique por você. Mas isso pode mudar, caso você volte, caso você continue a procurá-los, caso você ligue, caso você se importe. Caso contrário, os laços serão cortados, você terá dias solitários, amargura e medo e sera quase impossível alguém te tirar do poço sem fundo o qual você acaba de se jogar, se já não se sacrificavam enquanto você estava bem imagina quando você se joga num abismo, com certeza irão ao seu velório, viajarão pra te resgatar, mas aí será tarde pra se sacrificar por alguém, por se importar ou chorar por alguém, que optou por estar longe deles, mas com o coração sempre perto, sempre esperando uma ligação, um sacrifício, que sua família realmente se importasse com você.