quarta-feira, 27 de abril de 2011

PRINCESA...

É possível prever nosso futuro, alinhar linhas tortas e mover montanhas? É possível voltar no tempo, remexer páginas mau feitas e cobri buracos mau tapados? Um dia eu fui princesa de um castelo de areia, por um dia tive um conto de fadas e me vi preciosa num altar especialmente montado pra mim, com meu pergolado, meus girassóis voltados para meu sol, que mesmo um pouco tímido, facetava o meu parque verde e colossal, hermeticamente ali configurado, bem como minhas musicas celestiais, como Arioso de Bach, Bolero de Ravel, com um passo doble timido e único, um tango e um flamenco condensados em numa dança nada formal e pouco ensaiada, sem vergonha, sem precendentes, num cenário virtuoso e caro, palco de meus sonhos egoísticos e mesquinhos, devaneios medievais e de meu coraçao alado.  Valsa para uma menininha que sonhou um dia ser princesa e passear por terras longíquoas, de um principe vindo de terras colonizadoras, ainda reais, descobridoras, mesmo em tempos de crises. Há alguns dias do casamento do século, estou rodeada de pergaminhos que me fazem crer que minha história e o meu dia foi e sempre será menos importante que o deles, a de uma plebéis afortunada e um príncipe belo e realmente "Real". Sonhei em estar ali, sonhei com os fotógrafos, com minha tiara majestuosa, meu véu celestial, meu ramo de orquídeas purpuras, meu vestido colossal e meu principe espanhol que se achava sapo, mas que na verdade, é um herói, pois domou cavalos selvagens.
Mas esse dia chegou ao fim, e a realidade é cruel. Estou mais madura, me faz cada dia de luta mais forte, mas vejo que estou limitada as aspectos de uma fenomenologia a qual ainda acredito. Ainda guardo meus mais sublimes sonhos num recondito dentro do peito, de poder ainda desfrutar toda a glória de um reinado duradouro, de uma voz que canta alegria, de flores que nunca murcharao, de véus que nunca ficarao rotos, de vestidos feitos para modelar seu corpo e que nunca rasgarao, numa marcha nupcial perene e indestrutível, que gera esperança, riqueza, harmonia e herdeiros felizes e saudáveis de um mundo perfeito, justo e ideal para se viver e quiça poder um dia, descansar em paz. Oxalá que 09 de janeiro de 2011 se imortalize e seja tao real quanto o próximo dia 29 deste mês do corrente ano!


sábado, 23 de abril de 2011

CATIVANDO

Essa é a minha rosa em sete cores. Nao é mais uma rosa, foi a que eu cativei no dia de hoje, de Sant Jordi. Presente de meu marido, ou de grego, eu naos ei, mas sei que nao fui eu que a escolhi, mas ela que me selecionou na multidao. Chamativa e aparecida como eu, era uma rosa diferente, nem melhor, nem pior, apenas diferente. E mais uma vez, mesmo que tudo parece desmoronar, do nada aparece uma luz em sete cores em minha vida, que segura meus pensamentos mais hostis, que inibe a ânsia de vomitar a culpa em dias cruéis, quando até uma oraçao a Deus parece injusta. A escolha da minha vida já nao cabe mais a mim, tenho até mesmo vergonha de pedir pra Deus o que realmente quero, tenho desejo de esvair do fardo, tenho medo de me arrepender e de amanha chorar um choro pungente, um choro doloso e fulgaz, porque nao pus pra fora o que sentia, porque nao vomitei o que tinha de impuro dentro de mim...Porque sei que tenho medo de junto, jogar fora o broto da minha rosa em sete cores, que vive dentro de mim, que precisa de mim, porque ela me escolheu, mesmo que na hora errada, mesmo ela me espetando com seus espinhos e me causando febres e enjoos...sou a verdadeira responsavel, guardia e tutora......eu, tao-somente eu, por ela.
E agora é tarde pra orar. Agora, é entregar nas maos da vida, o broto da rosa em sete cores e cuidar enquanto me compete e nao feneço.

"Tu és responsável por aquilo que cativas". Saint-Exupéry 

Todo sacrifício vem acompanhado dor, mesmo que o sofrimento seja opcional, deve-se ter sabedoria pra saber discenir se sacrificar vale ou nao a pena, a lei da vida é uma só. Por fim, peço apenas a sabedoria, para enxergar além do que meus olhos conseguem ver, sei que nada posso fazer agora, dói muito, incomoda, ainda nao sei doer sem sofrer, a rosa me espeta, faz meu olfato ficar mais apurado, meu corpo mais sensível, minhas vontades mais desejadase quiça, minha luta mais insensata, e mais va.


"Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos." Saint-Exupéry

quarta-feira, 20 de abril de 2011

FLY AWAY

Turn me loose from your hands
Let me fly to distant lands
Over green fields, trees and mountains
Flowers and forest fountains
Home along the lanes of the skyway


For this dark and lonely room
Projects a shadow cast in gloom
And my eyes are mirrors
Of the world outside
Thinking of the way
That the wind can turn the tide
And these shadows turn
From purple into grey

For just a Skyline Pigeon
Dreaming of the open
Waiting for the day
He can spread his wings
And fly away again
Fly away skyline pigeon fly
Towards the dreams
You've left so very far behind


Just let me wake up in the morning
To the smell of new mown hay
To laugh and cry, to live and die
In the brightness of my day


I want to hear the pealing bells
Of distant churches sing
But most of all please free me
From this aching metal ring
And open out this cage towards the sun
SKYLINE PIGEON DE ELTON JOHN

 ...I wanna fly to more than 100 destinations over six continents...

FLY CAMILA

Mais difícil do que enfrentar uma seleçao com quase cinco mil garotas, por um fardamento e enfrentar uma barreira militar, foi o dia que tive que passar por uma batalha com duzentos homens para poder voar. Mais arduo do que subir quatro metros de corda, correr 2600 quilometros, fazer quarenta abdominais e vinte e seis conjugados num só dia, foi a exasperante luta para conseguir me vestir a rigor e encarar o que parecia ser impossível, vencer os meus mais tortuosos medos, mas nao sem a ajuda de meu companheiro de batalha: meu Don Juan. Cervantes já dizia: "Sonhar mais um sonho impossível; Lutar quando é fácil ceder; Vencer o inimigo invencível;  Negar quando a regra é vender." Sonhei, lutei, venci e neguei...Nao foi fácil, mas me disseram uma vez, que se fosse fácil, qual seria a graça? O nao eu já tinha, eu lutava pelo sim. Eramos duzentos, passamos a ser pouco mais de setenta, depois fomos inesperadamente reduzidos a 35, depois a trinta e por fim, junto a mim, restaram quinze soldados, impecavelmente trajados, confinados num hotel no centro da cidade Condal, uns poucos espanhóis, uma italiana, uma romana, uma venezuelana e  uma brasileira....que eu me lembre...derrotando até os que dominavam a língua nativa, sobressaindo-se sobre qualquer tipo de preconceito, ou frases mesquinhas de que este ou aquele nao é capaz...Quem disse que eu nao era capaz? Afinal, aquele era meu lugar certo, minha hora certa, era o sonho que eu sonhei e que eu mantinha sonhando há dois anos, perdidos entre meus focos atemporais e desfocos temporais, entre meus percalços e devaneios, entre meus céus e abismos, do buraco negro ao cume, para poder voar, servir e seguir livre na estratosfera. Sim, será que um Habeas Corpus me fora concedido para poder enfim ir e vir, como uma verdadeira mochileira, sem pesos nas costas, e viajar pelos quatro cantos deste mundo? Aí entra Cervantes outra vez: "O soldado melhor parece morto na luta do que livre na fuga."  É melhor estar aqui, do que estar e permanecer lá. Deixei o céu de Santo Amaro, para poder ir além do horizonte, onde existe o lugar em que eu quero estar. É melhor a tormenta pela qual passei esses últimos meses do que a calmaria de velhos tempos rotineiros. Voarei, flutuarei, pairarei ou vagarei em ares nunca antes sobrevoados? Por enquanto, eu só quero esquecer a solidez e a solidao dos dias que antecederam a jornada, e sublimar minhas dores, saudades e meus sonhos mais condensados. E voar, voar, voar...

Cervantes: "A liberdade é um dos dons mais preciosos que o céu deu aos homens. Nada a iguala, nem os tesouros que a terra encerra no seu seio, nem os que o mar guarda nos seus abismos. Pela liberdade, tanto quanto pela honra, pode e deve aventurar-se a nossa vida."


Dois Rios (Skank)

O céu está no chão
O céu não cai do alto
É o claro, é a escuridão

O céu que toca o chão
E o céu que vai no alto
Dois lados deram as mãos

Como eu fiz também
Só pra poder conhecer
O que a voz da vida vem dizer

Que os braços sentem
E os olhos vêem
Que os lábios sejam
Dois rios inteiros
Sem direção

O sol é o pé e a mão
O sol é a mãe e o pai
Dissolve a escuridão

O sol se põe se vai
E após se pôr
O sol renasce no Japão

Eu vi também
Só pra poder entender
Na voz a vida ouvi dizer

Que os braços sentem
E os olhos vêem
E os lábios beijam
Dois rios inteiros
Sem direção

E o meu lugar é esse
Ao lado seu, meu corpo inteiro
Dou o meu lugar pois o seu lugar
É o meu amor primeiro
O dia e a noite as quatro estações

Que os braços sentem
E os olhos vêem
E os lábios Sejam
Dois rios inteiros
Sem direção

O céu está no chão
O céu não cai do alto
É o claro, é a escuridão
O céu que toca o chão
E o céu que vai no alto
Dois lados deram as mãos
Como eu fiz também
Só pra poder conhecer
Tudo que a voz da vida vem dizer


sexta-feira, 15 de abril de 2011

SAUDADES DOS AMIGOS QUE EU NAO TIVE E DOS SONHOS E DOS AMIGOS QUE EU DEIXEI

WHERE THE HELL WILL CAMILA BE?



Barcelona, 15 de abril de 2011

Voltar é retroceder? Ao som do Oboe de Gabriel, um anjo que habita no meu ser, olhos revoltos para o passado, na exatidao de um presente distante, com olhos febris de uma menina, vitimada brutalmente por um covarde, num espaço onde ela, a menina, deveria se sentir comoda, segura, como numa escola, ou no ventre de uma mae. Sofro pela ausencia de um colo materno, de uma mae que foi mae duas vezes e que, quando eu for mae, ela será pela terceira vez. Voltar é revoltar? Ao som do Oboé, a flauta mágica de Gabriel, sinto um vazio que nao é meu, preenchido pelo um ser tao dimunuto que gero com tanta revolta, reviravoltas, redemoinhos...já nao sei se é minha primavera, e se há flores brotando no meu jardim de inverno, aqui onde estou esses ultimos meses se fez tanto frio, ou se é outono depois de um verao chuvoso, num jardim devastado por folhas caídas. Voltar é volver? Caminitos entre linguas irmas, entre imagens assimétricas, fontes mágicas, velhos e bebes compondo uma contrastica perfeiçao...aqui os ares esmeiram pureza, se pisa em flores, as vezes me provocam nauseas, as vezes me dao a sensacao de cansaço, mas sigo, volto, revolto, volvo  e a envolvo em mi. E quando percebo, já náo estou só. A menina vive em vim, envolta. E me pergunto. Quem de nós duas irá voltar? A adulta que voa e desafia o mundo, ou a criança que navega ainda em mares seguros? Deus, cuidai de nós!